Comunidade Zoró colhe 120 toneladas de castanha-do-Brasil em esforço sustentável

A etnia Zoró celebra uma colheita de 120 toneladas de castanha do Brasil, em um esforço que une sustentabilidade, economia local e preservação cultural na Amazônia. Confira como essa iniciativa fortalece a comunidade e o meio ambiente.

11/5/20242 min read

Além de exercerem um papel importante na regulação do mercado e dos preços da castanha-do-Brasil, os Zoró se destacam por serem um dos poucos povos indígenas que coletam a castanha enquanto ela ainda está caindo, uma atividade de alto risco. Segundo Aduabá Zoró, representante da etnia, 'o castanheiro precisa ter coragem e muita prática para colher a castanha nos meses de novembro e dezembro, quando ela ainda está caindo.

É preciso habilidade e rapidez durante a coleta sob as castanheiras, pois o ouriço pode cair a qualquer momento.' Esse desafio leva os indígenas a utilizar EPIs, como capacetes e botinas, para maior segurança.

O presidente da Cooperapiz comemora o sucesso da safra de Natal, que alcançou mais de 50 toneladas. Desse total, 45 toneladas foram adquiridas pela cooperativa por meio da renovação do fundo rotativo de 460 mil reais, disponibilizado pela Aderjur, permitindo a compra da castanha a um preço mais justo em comparação ao oferecido pelos atravessadores.

Além do apoio principal da Aderjur, a APIZ e a Cooperapiz contam com parcerias essenciais, como a Funai - Coordenação Regional de Ji-Paraná, considerada uma parceira histórica dos Zoró. A Funai fornece anualmente insumos como sacaria e combustível para o transporte da safra de Natal, além de oferecer assessoramento técnico no planejamento e mobilização, contribuindo para a busca de mercados e preços mais favoráveis para a produção.

O Programa REM MT (REDD para Pioneiros), executado pelo Governo de Mato Grosso com financiamento dos governos da Alemanha e do Reino Unido, também apoia essa cadeia de valor no território Zoró.

Desde 2020, a Aderjur, localizada em Juruena (MT), recebe apoio do Programa REM, o que possibilitou, no último ano, a construção de uma fábrica de beneficiamento de castanha no território Zoró, administrada pela Cooperapiz. Os resultados socioambientais dessa iniciativa começarão a ser apresentados a partir da safra atual.

A APIZ e a Cooperapiz já planejam a safra pós-Natal, de janeiro a março, estimando mais 60 toneladas para a finalização da safra 2022/2023, que deve ultrapassar 120 toneladas. Após a colheita, eles enfrentam desafios de mercado e impostos, que afetam os preços locais, regionais e nacionais. Ademir espera que Rondônia e Mato Grosso concedam isenções fiscais.

Lígia Neiva, técnica da Funai, destaca a importância da coleta de castanha-do-Brasil para a proteção do território Zoró e como prática tradicional valorizada na culinária local. Paulo Nunes, da Aderjur, reforça o impacto positivo do fundo rotativo, que garante preços justos e apoia a gestão sustentável da floresta.